Por que System Design é importante?
Se você já precisou lidar com uma aplicação que fica lenta quando o número de usuários cresce ou que vive caindo em momentos de pico, já viu na prática o que acontece quando o System Design é ignorado.
System Design é o planejamento técnico por trás de um sistema — como ele é construído para lidar com problemas reais como escalabilidade, performance, segurança e confiabilidade. Ao aprender esses fundamentos, você vai conseguir projetar soluções melhores, evitar retrabalho e tomar decisões técnicas com confiança.
Ao final deste artigo, você vai:
- Entender o que é System Design e como ele se aplica no seu dia a dia
- Diferenciar arquitetura de sistema e design de sistema
- Conhecer os principais objetivos de um bom design
- Estar preparado para aprofundar nos próximos tópicos como escalabilidade, cache, bancos de dados e microserviços
Vamos direto ao ponto.
O que realmente é System Design?
System Design é o processo de decidir como um sistema será estruturado, quais partes ele terá, como elas se comunicam e como lidarão com problemas como muitos usuários, falhas e dados demais.
Pense em construir uma casa. A arquitetura decide onde vai o banheiro, quantos quartos, se será térrea ou com dois andares. O design vai mais fundo: qual tipo de encanamento usar, como distribuir a energia, onde colocar as saídas de emergência. É isso que fazemos com software.
No dia a dia de um engenheiro ou desenvolvedor, isso significa:
- Escolher entre monólito ou microserviços
- Usar REST ou eventos assíncronos
- Colocar um cache entre o banco e a aplicação
- Decidir quando escalar horizontalmente (mais instâncias) ou verticalmente (máquinas mais fortes)
Tudo isso é System Design. E ele importa muito.
Como começar a pensar em System Design: 3 passos simples
Etapa 1: Entenda os objetivos do sistema
Antes de qualquer decisão técnica, pergunte: o que esse sistema precisa entregar?
Por que isso importa? Sem clareza do objetivo, qualquer decisão será um chute. É diferente projetar um sistema que processa boletos em tempo real de um sistema de vídeos sob demanda.
O que fazer:
- Liste os requisitos funcionais e não funcionais
- Pergunte: “Qual o volume esperado de usuários/dados?”
- Descubra qual é o tempo aceitável de resposta (latência)
Exemplo: Um app de pedidos de comida precisa responder rápido (baixa latência), aguentar picos no horário do almoço (alta escalabilidade) e ser tolerante a falhas.
Etapa 2: Identifique gargalos comuns
Por que isso importa? Quase todo sistema cresce com o tempo. Se você não prever onde ele vai falhar, vai precisar redesenhar tudo no meio do caminho.
O que fazer:
- Mapeie as principais partes do sistema (frontend, backend, banco, API)
- Pergunte: “Se dobrar o número de usuários, onde quebra primeiro?”
- Use ferramentas simples como diagramas de blocos
Exemplo: Seu backend aguenta 100 requisições por segundo. Se o marketing lançar uma campanha que traga 1000 acessos por segundo, o servidor cai. Solução? Load Balancer + múltiplas instâncias.
Dica: Mesmo que o sistema seja pequeno, pense grande. É mais fácil planejar para crescer do que apagar incêndio depois.
Etapa 3: Pense em trade-offs técnicos
Por que isso importa? Não existe solução perfeita. Toda decisão tem um custo. System Design é sobre saber o que você está ganhando e o que está perdendo.
O que fazer:
- Avalie Consistência vs Disponibilidade
- Avalie Performance vs Custo
- Avalie Simplicidade vs Flexibilidade
Exemplo: Um banco de dados relacional garante transações consistentes, mas pode ser mais lento e difícil de escalar. Já um banco NoSQL é mais rápido, mas pode não garantir a mesma consistência. Qual escolher? Depende do seu objetivo (Etapa 1).
Erro comum: Escolher tecnologias da moda sem entender as necessidades reais do sistema.
“Mas meu sistema é pequeno, não preciso disso agora”
Esse é um pensamento comum, mas perigoso. Mesmo sistemas pequenos se beneficiam de boas decisões iniciais. Não é sobre complicar. É sobre evitar armadilhas.
Um sistema simples pode ser projetado com:
- Uma boa divisão entre camadas
- Um modelo de dados que já considera expansão
- Uma ideia clara de onde colocar cache se for preciso depois
Tudo isso já é System Design. E vai economizar tempo, dor de cabeça e dinheiro no futuro.
Exemplo prático
Imagine que você precisa construir um sistema de agendamento de consultas.
Objetivo:
- Permitir que pacientes marquem consultas com médicos via site
- Ter disponibilidade em tempo real dos horários
Gargalos prováveis:
- Muitos acessos na mesma hora (ex: liberação de agenda)
- Conflito de horários simultâneos
Decisões técnicas:
- Usar cache para exibir agendas mais rápido
- Garantir consistência forte na reserva de horários (transação no banco)
- Escalar horizontalmente o backend
Perceba: não usamos termos complicados, nem tecnologias de ponta. Só boas perguntas e boas decisões.
Conclusão
System Design é sobre pensar antes de codar. Não exige ser arquiteto, nem usar todos os termos do mercado. Basta aplicar lógica, fazer boas perguntas e entender os objetivos reais.